“Não interessa a mim, ao Brasil, o caos agora”, afirma o pré-candidato à Presidência. “Eu estou dizendo para eles que isso é igual a remédio, se tomar demais, vira veneno”
SÃO PAULO – Um dos apoiadores da greve dos caminhoneiros, que caminha para o nono dia consecutivo, o pré-candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, acredita que a paralisação já chegou ao seu ápice e que agora precisa acabar: “não interessa a mim, ao Brasil, o caos agora”, assim afirmou o deputado carioca em entrevista para a Folha de S. Paulo nesta terça-feira (29).
Bolsonaro negou ter ligação direta com o movimento, especulação que cresceu nos últimos dias em vista da presença frequente de apoiadores de sua candidatura entre os manifestantes: “eu não participei da eclosão do movimento. Eu estou conversando com, não digo lideranças, mas gente deles. Não existe liderança, tem muito voluntarismo. Eu estou dizendo para eles que isso é igual a remédio, se tomar demais, vira veneno”, disse em entrevista ao jornal.
Segundo Bolsonaro, se estivesse no Planalto, a paralisação que está afetando todo o abastecimento do País não teria acontecido, pois ele acompanha há pelo menos dois anos o movimento dos caminhoneiros e sabe de suas revindicações. De acordo com ele, “faltou bom senso por parte do governo e por parte das empresas que exploram o governo”.
O pré-candidato também foi questionado sobre a defesa de uma intervenção militar por vários caminhoneiros. Segundo ele, isso vem de um grupo pequeno e parte de um desespero: “na minha opinião, dos meus amigos generais, se tiver de voltar um dia, que volte pelo voto. Aí chega com legitimidade, não dá essa bandeira para o PT dizer “Abaixo a ditadura” ou “Foi golpe”, porque aí foi golpe mesmo”, afirmou.
– O Governo de forma covarde trabalha para colocar na conta dos caminhoneiros a responsabilidade pelos futuros prejuízos causados pela paralisação, deixando em segundo plano seu total descaso às reivindicações da população e sua inércia.Parabenizo os caminhoneiros pela luta justa contra mazelas que atingem a população causadas pela corrupção enraizada em nosso país. Peço sabedoria para que tudo volte à normalidade antes que a situação piore e caia na conta de vocês o que é de total responsabilidade do governo.- O movimento dos caminhoneiros, suas virtudes e o momento atual. Assista e opine:
Publicado por Jair Messias Bolsonaro em Segunda, 28 de maio de 2018
“O Brasil no momento, depois desse trabalho maravilhoso de vocês, entendo eu, que começa a perder. Todos nós passamos a perder a partir de agora”, disse Bolsonaro em vídeo direcionado aos caminhoneiros publicado nas redes sociais na noite de segunda-feira (28).
O nome de Bolsonaro tem sido associado a lideranças do movimento dos caminhoneiros devido à presença de apoiadores dele e de defensores de uma intervenção militar entre os manifestantes.
“Entendo eu, respeitosamente, que seria um ato de nobreza por parte de vocês voltar ao serviço, buscar fazer o Brasil voltar à normalidade. O Brasil quebrado não interessa para ninguém, nem para nós, nem para vocês”, acrescentou.
Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso, afirmou que o governo do presidente Michel Temer tem agido de forma “covarde” ao trabalhar para responsabilizar os caminhoneiros.
Segundo ele, o governo quer “colocar na conta dos caminhoneiros” a responsabilidade por futuros prejuízos causados pela paralisação, que entrou no nono dia nesta terça-feira, “deixando em segundo plano seu total descaso às reivindicações da população e sua inércia”.
Na segunda-feira, o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse que a desmobilização do protesto dos caminhoneiros após um acordo com o governo está sendo dificultada em alguns lugares por militantes infiltrados que defendem a intervenção militar para derrubar o governo federal.