Após ser defenestrado por deslealdade pela Polícia Militar de Goiás, cuspir no prato de Marconi Perillo, romper com o atual Governador de Goiás Ronaldo Caiado, tentar armar oposições contra prefeitos aliados em Goiás, finalmente o Delegado Waldir encontrou o pior desfecho possível na política: ser tachado de “conspirador” pelo próprio Presidente da República após ser gravado acusando a maior autoridade do país de ser “vagabundo” e afirmando que o iria “implodir”. Sim, logo o homem que o acolheu e o elegeu nas eleições de 2018 como seu representante em Goiás.
O triste fim dos conspiradores parece ter recaído sobre o garoto pobre de Jacarezinho (PR) que sonhava em um dia ser delegado e que batalhou para isso. Waldir Soares trabalhou de engraxate, vendedor de picolé, servente de pedreiro, bancário, comerciário, comerciante, professor e escrivão de polícia e auditor fiscal, até que no ano 2000 foi aprovado em concurso público para o cargo de delegado em Goiás.
Soares começou atuando em cidades do Entorno do Distrito Federal, como Novo Gama, Luziânia, Águas Lindas de Goiás e Planaltina de Goiás. Mais tarde, passou a atuar em Goiânia e ficou conhecido por se envolver em polêmicas. Em uma das suas primeiras operações já no comando da Região Noroeste da capital, o delegado prendeu 22 duas pessoas suspeitas de tráfico, incluindo grávidas e cadeirantes.
Em 2010 se tornou suplente de deputado federal contabilizando a linha popularesca de “delegado linha dura contra o crime” e polêmico, muito polêmico. Em abril de 2013, o Comando da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM), publicou uma nota de repúdio referente ao comportamento de Soares, à época titular do 8° Distrito Policial de Goiânia. Durante uma entrevista ao vivo para o programa Goiás no Ar, da emissora filiada TV Record, o delegado discutiu com o tenente coronel da PM, Anésio Barbosa, à época, assessor de imprensa da Polícia Militar.
Com o apoio do então governador Marconi Perillo. em 2014, o Delegado Waldir foi candidato a Deputado Federal por Goiás pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e foi eleito. O amor durou pouco. Waldir rompeu com Marconi pelo fato do então governador eleito não embarcar em sua aventura de candidatar-se à prefeitura de Goiânia em 2016. Waldir mudou de partido. Foi para o PR e perdeu a eleição com apenas 10,48% dos votos válidos.
Em 2018, após um mandato considerado inexpressivo na Câmara Federal, Waldir ressuscitou seu nome em Goiás aliando-se a Bolsonaro e surfando a onda que varria o país com posicionamentos duros de extrema direita no tocante à segurança pública e seu comportamento polêmico casou como uma luva ao que o eleitor então esperava de um deputado: postura forte e declarações politicamente incorretas.
Apoiado diretamente por Bolsonaro, o delegado se reelegeu, em 2018, pelo partido do Presidente, o PSL e vindo a ser indicado pelo próprio Presidente o líder da bancada na Câmara.
Nesta eleição, também carregado pelo governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado, Waldir se desmanchava em “amores” ao democrata. Mas durou pouco. Bastou Caiado assumir a cadeira e negar “caprichos” e cargos no estado que herdou quebrado e que, diga-se, vêm recuperando com austeridade após décadas de corrupção de governos tucanos que Waldir apoiou, inclusive.
Rompido com Caiado, Waldir protagonizou declarações de que montaria chapas independentes em 2020 contra prefeitos aliados ao governador, durante reuniões com bases do PSL em todo estado de Goiás. Durou pouco. Caiado há meses, havia pedido ao seu aliado próximo, Bolsonaro, a cabeça de Waldir no PSL de Goiás, partido o qual ainda preside no estado (por enquanto).
Agora, o escândalo nacional.
Waldir encabeçou o episódio mais duro de traição ao Presidente com gravações e provas da sua”lealdade” que desde sempre entregou aos líderes que o abraçaram na política.
O que será do Delegado?