Segundo o ‘líder’ do PSL na Câmara, sigilo das contas que embasaram a proposta de Reforma da Previdência é “mais um equívoco do Governo”
Embora classifique a decisão de decretar sigilo das contas que embasaram a proposta de Reforma da Previdência como “mais um equívoco do governo”, o líder do PSL na Câmara Federal, Delegado Waldir Soares, afirmou ao POPULAR que a medida é parte de estratégia para evitar que a matéria sofra muitas alterações na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – onde, avalia, deve ter seu parecer aprovado ainda hoje.
Ele declarou que o secretário especial da Previdência, Rogério Marinho, já informou que vai apresentar os números assim que houver a instalação da Comissão Especial sobre o tema, provavelmente em maio. “Se não deixasse para apresentar lá, poderia existir uma tentativa de discussão de mérito ainda na CCJ, então o governo está tentando evitar mudanças demais e deixar essas alterações para depois”, pontuou.
Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) também afirmou que não é possível começar a trabalhar sem que os dados estejam disponíveis na próxima etapa da tramitação. A expectativa é de que estes números mostrem exatamente quanto cada ponto deve gerar de economia. Em dez anos, o Ministério da Economia diz que conseguirá poupar mais de R$ 1 trilhão.
Waldir avalia ainda que, mesmo que o sigilo não impacte o trabalho de articulação da base, o governo “tem que mostrar as contas” e atuar mais incisivamente na propaganda da reforma. “Tem que fazer campanha nas redes sociais, nas mídias oficiais, jornais e TVs, o governo não está fazendo o convencimento. (O ex-presidente) Michel Temer (MDB) perdeu a reforma dele porque não convenceu o cidadão.”
Se não o fizer, acredita o líder do PSL, há riscos de comprometer a aprovação. “Agora corre-se o mesmo risco. Mas eu acredito que a reforma vai ser aprovada, porque o momento é espetacular, municípios e governadores querem, a sociedade está convencida de que precisa. Se não aprovar, o País quebra. Agora, se aprovar, nós poderíamos ter um governo maravilhoso”, defendeu o parlamentar.
Jabutis
Desde a semana passada, o Centrão cobra a retirada de “jabutis” do texto, que são trechos não propriamente ligados à reforma em si. O relator Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) havia recomendado a aprovação total do texto, mas Marinho negocia com lideranças e pode recuar quanto a mudanças no abono salarial, no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e à chamada desconstitucionalização, entre outros.
Para Waldir, recuar, no caso, seria fundamental para evitar uma derrota. “Sem base, o governo não tinha muita escolha, quem tem os 330 votos são os partidos do Centro. É indispensável ceder. O Parlamento é o lugar do diálogo, a intransigência não leva a nada. Seria uma decisão inteligente e dentro do espírito de diplomacia que o governo tem que exercer nesse momento. E isso é bom porque a proposta avança”.
Além destes pontos, ele acredita que deve haver mudanças quanto ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural, mas apenas na Comissão Especial. “O que sai agora, na CCJ, são só os jabutis, que o relator mesmo já deve tirar”.