Por que o povo escolheu Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil contrariando o “mainstream” da mídia e como um fenômeno de popularidade inédito e inato que bateu de frente com todas as regras da marquetagem política sendo seu comportamento idiossincrático ao extremo e totalmente anti politicamente correto e até muitas vezes beirando a infração da lei?
Um explicação é a que ele é o “político faça você mesmo”, o famoso “do it yourself” criado pela contracultura novaiorquina em meados da década de 70 e que deflagrou o movimento punk na música e nos costumes do mundo.
Bolsonaro é o cidadão médio em suas virtudes e, por que não, defeitos. Mas é o brasileiro típico. E isso basta para encarnar para o povo o próprio povo pondo a mão na massa. Bolsonaro faz sem traumas, desde lavar suas roupas e assar seu próprio churrasco, até tratar com líderes mundiais. Ele não mudou e continua o mesmo em virtudes e defeitos. E isso basta. Sobre a crise do vírus chinês, ele sente na pele o desespero do pobre que vende o almoço para comprar a janta e do cidadão médio que pagará como escravo da economia destruída por anos e pondera aquilo que o homem comum pondera.
Vida é dinheiro porque o cidadão brasileiro perde todos os dias sua vida para correr atrás do dinheiro para viver. Ou não?
Então, Bolsonaro representa o empoderamento do cidadão que toma para si a responsabilidade de enfrentar crises e vírus, de decidir se sai de casa para lutar pela subsistência ou se fica aterrorizado em frente a TV tomado pelo medo da morte que virá, e vem mesmo, para todos.
Bolsonaro se expôs sem necessidade e continua a se expôr ao risco de infecção do coronavírus e para ele isso é normal. Sem vitimização ou redentorismo. Mas não sem sentido. Ele pensa assim inspirar a valentia necessária para o cidadão passar pelo momento. Certo ou errado, é heroico. E o mundo carece de heróis. As guerras forjam e são vencidas pelos heróis.
Do outro lado, este perfil novo de político tem pela frente as velhas oligarquias e parasitas do sistema político que persistem nos grotões do Brasil e que a todo momento colocam as crises como pretexto para alavancar interesses outros.
Cultivam o terror no cidadão para aparecerem montados em seus cavalos com diplomas de doutor se colocando como os detentores do conhecimento universal e onipotente e que de suas mãos abençoadas apenas, a solução para ninguém morrer sairá, desde que sejam adorados acima de divindades. São os fidalgos da idade média. Barões da agricultura ou sangues azuis da política, tanto faz.
Notadamente neste momento de fechamento de estados e de economias, aparece o famoso Odorico Paraguaçu. O personagem era dono de uma fazenda produtora de azeite de dendê, era neto de Firmino Paraguaçu e filho do coronel Eleutério Paraguaçu. Candidato a prefeito da cidade fictícia de Sucupira, elegeu-se com a promessa de construir o cemitério da cidade. Apesar de corrupto e demagogo, era adorado pelos eleitores e exercia fascínio sobre as mulheres. Dono de uma retórica vazia, gostava de citar filósofos e políticos, como Platão e Rui Barbosa, ou inventava frases que atribuía a personalidades.
O problema de Odorico é que, após a inauguração do cemitério, ninguém mais morreu. Desesperado com a situação, tomou iniciativas macabras para concretizar sua promessa. No final, Odorico Paraguaçu foi assassinado por Zeca Diabo e inaugurou, finalmente, o cemitério, sendo que, de vilão, passou a mártir.