Classificado como atentado terrorista, o massacre deixou 49 pessoas mortas e dezenas de feridas. Quatro suspeitos foram detidos pela polícia
Ao menos 49 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas em ataques a tiros em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, nesta sexta-feira (15/3). O atentado, classificado pelas autoridades locais como terrorista, foi o pior da história do país. A polícia deteve três homens e uma mulher.
Um dos atiradores transmitiu ao vivo pelo Facebook, durante 17 minutos, o massacre em uma das mesquitas, a de Al Noor, depois de publicar um “manifesto” em que classificou imigrantes como “invasores”. Atenção, o vídeo contém cenas fortes:
Em cenas violentas, gravadas por uma câmera presa ao capacete do assassino, ele aparece segurando uma arma de alto calibre e caminhando em direção à mesquita. Em seguida, dispara contra as pessoas que estavam no local. Ele desfere tiros nas costas das vítimas e nas que já estão no chão.
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Além da mesquita de Al Noor, no centro de Christchurch, onde 41 pessoas morreram, houve um ataque em uma mesquita localizada no subúrbio de Linwood, onde outras sete pessoas foram mortas. Os templos estavam repletos de fiéis para a tradicional oração de sexta-feira, a chamada Jumu’ah.
Os detalhes sobre o ataque e as motivações ainda não estão claros. No entanto, de acordo com a primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern, todos os detidos possuem pontos de vista extremista mas não eram vigiados pela polícia.
Autor de ataque terrorista a mesquitas deixou manifesto de extrema direita
CHRISTCHURCH, Nova Zelândia — Pouco antes do ataque terrorista que deixou ao menos 49 mortos em mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, um dos atiradores, um australiano de 28 anos, publicou fotos de munição e um link para o que ele definiu como um manifesto para as suas ações, em uma conta já deletada em uma rede social.
No documento de 74 páginas, Brenton Tarrant desenvolve ideias preconceituosas contra muçulmanos, defende uma identidade branca e oferece informações autobiográficas. Ele também afirma que seu objetivo é “criar uma atmosfera de medo” e “incitar a violência” contra imigrantes, dizendo que, para isso, sua estratégia é se valer da cobertura midiática do ataque para propagar as suas ideias.
“Eu sou apenas um homem branco normal de 28 anos. Nasci na Austrália, em uma família de poucos recursos. Meus pais são descendentes de escoceses, irlandeses e ingleses”, ele começa, no documento chamado “A grande substituição”, nome de um livro do escritor francês de extrema direita Renaud Camus, que diz que populações europeias tradicionais estão sendo substituídas por imigrantes.
O atirador afirma que realizou o ataque “para se vingar da escravidão de milhares de europeus tirados de suas terras por escravocratas islâmicos” e se vingar “pelas centenas de milhares de mortes provocadas por invasores contra europeus ao longo da história”.
Autoridades da Nova Zelândia ainda não confirmaram que o autor do manifesto é um dos quatro presos no caso. O primeiro-ministro da Austrália Scott Morrison disse que um “terrorista de direita” de seu país está sob custódia. Sua conta em uma rede social foi usada para transmitir ao vivo o ataque por vídeo.
O suspeito trabalhou como personal trainer na cidade de Grafton entre 2009 e 2011. Na época, segundo a diretora do ginásio, ele pretendia juntar dinheiro para viajar pela Ásia e pela Europa. Segundo o jornal New Zealand Herald, ele viajou por sete anos, após juntar fundos investindo em criptomoedas.
O documento evoca o documento escrito por Anders Behring Breivik, terrorista cristão norueguês de extrema direita, que, antes de cometer um ataque que deixou 77 mortos em 2011, publicou um documento de mais de 1.500 páginas defendendo a superioridade racial branca. Brenton diz que travou “breve contato” com Breivik, que foi a sua “única inspiração verdadeira”.
O australiano diz que “não frequentou a universidade, como não tinha grande interesse em nada lá oferecido para estudar”. Ele mantém ideias conspiracionistas contra a democracia, o sistema educacional e a imprensa.